Associação “Homenagem às Carquejeiras do Porto”

A “Associação Homenagem às Carquejeiras do Porto” constituída em 2015 tem por fins, fomentar e divulgar o conhecimento sobre as Carquejeiras do Porto, o trabalho árduo desempenhado, por estas, em prol da cidade, um drama social e cívico vivido até à primeira metade do século XX.

A Calçada das Carquejeiras no Porto, assim cunhada por volta de 1992 em homenagem às mulheres que lhe deram o nome, foi palco durante dezenas de anos de um verdadeiro drama humano silencioso e silenciado.

As Carquejeiras transportavam a carqueja que vinha em barcos Douro abaixo, planta que servia de acendalha para os fornos que coziam o pão da cidade, aqueciam as casas mais abastadas, e contribuíram para o desenvolvimento da indústria de biscoitos e panificação de Valongo.

Num percurso granítico com uma inclinação de 21 graus, impeditivo da utilização da tração animal, que se ergue ao longo de 210m desde os Guindais na Ribeira do Porto até às Fontainhas, as Carquejeiras carregavam a carqueja às costas, descarregada no cais da Corticeira, em molhos de 50 a 60 Kgs.

Auferindo salários de miséria e praticando um ofício quase escravo, trabalhavam de sol a sol, para prover ao seu magro sustento e das suas famílias. Foi das mais duras profissões conhecidas, com as cascalheiras e as carregadoras de carvão, sal e paralelos, que marcaram o quotidiano da cidade do Porto durante décadas.

Um dos propósitos mais importantes da Associação consistiu em erguer uma estátua em bronze de expressão naturalista no cimo da Calçada das Carquejeiras, para que todos os portuenses e cidadãos que visitam o Porto, a possam entender, quer plástica, quer simbolicamente, preservando a memória deste traço sociológico e historiográfico do Porto da primeira metade do século passado.

Par o efeito, a Associação procedeu a uma campanha de recolha de fundos que permitisse concretizar este relevante projeto que é, sobretudo, uma justíssima homenagem da cidade, dos cidadãos e das instituições do Porto à condição humana destas mulheres e ao seu drama tristemente silencioso e silenciado.

A Fundação Manuel António da Mota não podia ficar indiferente a este apelo, dando o seu contributo para que a concretização deste projeto se tornasse realidade.