Manuel António da Mota
«Foi um homem que me impressionou tanto que eu acho que a vida dele é verdadeiramente um caso de estudo.»
GENERAL RAMALHO EANES EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA IN “CONSTRUIR UMA VIDA” (FILME DA FMAM)
Manuel António da Mota nasceu a 8 de Junho de 1913 em Codeçoso, concelho de Celorico de Basto. Oriundo de uma família de agricultores, concluiu a instrução primária, mas devido à doença do pai começou cedo a trabalhar nas propriedades agrícolas da família. Desde muito novo demonstrou um forte espírito empreendedor, assente numa sólida determinação e ousadia, que todos lhe reconheciam.
Começou a trabalhar como ferramenteiro e, mais tarde, como apontador numa empresa de construção, passando depois a encarregado geral.
Para fazer face à crise, convence o cunhado, Joaquim da Fonseca, e o empresário Joaquim Pereira da Silva a adquirem uma empresa de serração em Amarante, constituindo a empresa Indústrias Reunidas do Tâmega.
«Era um homem daqueles que aparece um em cada geração.»
ARNALDO FIGUEIREDO VICE-PRESIDENTE DA MOTA-ENGIL IN “CONSTRUIR UMA VIDA” (FILME DA FMAM)
Após o final da 2a Guerra Mundial, em 1946, Manuel António da Mota e Joaquim da Fonseca, constituem duas empresas a Construtora do Tâmega, vocacionada para a construção, e a Mota & Companhia, uma empresa de madeiras direcionada para a exploração florestal e agrícola em Angola. Aos 33 anos, Manuel António da Mota, vai para a floresta de Cabinda, onde enfrenta grandes desafios e riscos, demonstrando bem o seu espírito aventureiro e destemido.
Em 1948, Manuel António da Mota, na altura com 35 anos, casa com Maria Amália Guedes Queiroz de Vasconcelos, de 22 anos, e dessa união nasceram quatro filhos – Maria Manuela, Maria Teresa, António e Maria Paula (atuais acionistas de referência do Grupo Mota-Engil).
A Mota & Companhia venceu o concurso para construir o Aeroporto de Luanda. Para encontrar financiamento para esta obra, Manuel António da Mota embarcou num voo do tamanho da sua determinação e, mesmo sem falar inglês, rumou a Nova Iorque, onde conseguiu os 10,5 milhões de dólares para a construção do Aeroporto de Luanda e da estrada Luso-Vila Henrique de Carvalho.
«O meu pai era um engenheiro de altíssimo gabarito, sem nenhum estudo.»
ENG. ANTÓNIO MOTA – FILHO DE MANUEL ANTÓNIO DA MOTA E PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO GRUPO MOTA-ENGIL
Mesmo durante a Guerra Colonial, entre 1961 e 1974, Manuel António da Mota conseguiu manter a atividade da empresa em Angola, graças ao elevado número de obras públicas no país. Contudo, em 1974, apesar da empresa não ter abandonado Angola depois da independência do país, muitos colaboradores fizeram parte dos milhares de portugueses que tiveram de regressar a Portugal. Nessa altura, os tempos não foram fáceis e Manuel António da Mota teve de hipotecar terrenos para garantir o pagamento dos salários dos trabalhadores, e também recebeu vários colaboradores nas suas propriedades.
Em 1977, a Mota & Companhia ganha o importante concurso público para a Regularização do Baixo Mondego, uma obra altamente marcante e simbólica para a família Mota por ser, até então, a maior obra em Portugal feita por uma só empresa, e por ter sido onde o filho António Mota começou a trabalhar.
Para a realização desta obra, Manuel António da Mota construiu a Vila Mota, uma pequena aldeia com casas para os trabalhadores e suas famílias, uma escola, um supermercado e uma capela, fazendo com que se gerasse sempre um grande sentimento de união entre todos.
Como reconhecimento pelo homem de carácter, filantropo e empresário de sucesso ao serviço do desenvolvimento de Portugal, em 1982, Manuel António da Mota foi agra-ciado com a Ordem de Mérito Agrícola e Industrial, entregue pelo General Ramalho Eanes, Presidente da República nessa altura.
Depois de largos sucessos pessoais e profissionais, acompanhados sempre de um forte espírito de generosidade, Manuel António da Mota viria a falecer com 82 anos, a 21 de Agosto de 1995, na sequência de uma pneumonia.
Manuel António da Mota legou à posteridade um exemplo e testemunho de vida que se perpetuam nos seus sucessores e em todos os que foram tocados pela sua presença.
«Tinha o coração do tamanho de um país. Ele estimava os empregados como se fossem família»
MANUEL SILVA – ENCARREGADO PESSOAL DE MANUEL ANTÓNIO DA MOTA